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Mostrando postagens com o rótulo brasil

A PICANHA, O STF E O OLHAR PORTUGUÊS SOBRE O BRASIL

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POR TIAGO HÉLCIAS Em terras lusitanas, onde o fado embala as noites e o bacalhau é rei, a notícia de que Donald Trump, em um de seus movimentos mais inusitados, prometeu entregar aos brasileiros a picanha que Lula havia prometido, causou, no mínimo, um misto de surpresa e divertimento. O jornal Público, com sua habitual perspicácia, trouxe à tona a análise do economista Paulo Gala, que, em uma reviravolta digna de roteiro, sugeriu que o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, incluindo a carne bovina, poderia, na verdade, beneficiar o consumidor tupiniquim. Mais oferta interna, preços menores. Uma lógica que, para o olhar português, acostumado a uma política mais contida, soa quase como uma fábula. Mas a picanha, meus caros, é apenas a ponta do iceberg de uma complexa teia de acontecimentos que a imprensa portuguesa tem acompanhado com atenção, e por vezes, com uma ponta de perplexidade. O STF e Alexandre de Moraes: Entre a Soberania e a Preocupação Se a picanha de Trump é o prato ...

MAPA DA FOME: ENQUANTO GOVERNO LULA COMEMORA, IBGE AFIRMA QUE REALIDADE É BEM DIFERENTE - QUEM DIZ A VERDADE?

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POR TIAGO HÉLCIAS Sabe aquele alívio que a gente sente quando recebe uma boa notícia, mas o estômago ainda está roncando? Pois é. O Brasil foi retirado, mais uma vez, do tal Mapa da Fome da ONU. E, como era de se esperar, o governo fez disso um desfile de vitória, com bandeirinhas, fogos e manchetes nos principais portais do país. Mas… e se esse “sumiço” do mapa for menos milagre e mais malabarismo metodológico? Aqui no blog, eu não engulo nada sem mastigar. E, neste caso, o prato principal é temperado com dados, política e uma pitada generosa de questionamento. Vamos à mesa? A SAÍDA DO MAPA: UM “PLIM PLIM” NO RELATÓRIO, UM SHOW NA PROPAGANDA A tal boa nova veio no relatório SOFI 2025 da ONU — aquele tipo de documento que pouca gente lê, mas todo político ama citar. Segundo a FAO, o Brasil atingiu menos de 2,5% na chamada Prevalência de Subnutrição (PoU), que é o índice mínimo exigido para um país sair do Mapa da Fome. E, com isso — sumimos da lista da vergonha. No triênio 2020-2022, e...

BRASIL: O PAÍS QUE GRITA “SOBERANIA” ENQUANTO SE VENDE EM SILÊNCIO

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POR TIAGO HÉLCIAS De umas semanas pra cá, “soberania” virou trend topic — não no Twitter (X), mas nos discursos inflamados, nos debates de botequim e, claro, nas falas indignadas do atual governo, que adora gritar ao mundo que o Brasil é um país soberano, sim senhor. Bonito no cartaz, bonito no slogan. Mas… será mesmo? Talvez valha a pena tirar a palavra da boca dos palanques e das postagens e devolvê-la à prateleira do bom senso. Vamos estudar um pouquinho? Soberania: Do Latim ao Latim Juridiquês A ideia de soberania não nasceu nas lives do governo, nem nos posts de “influenciadores patrióticos” que mal sabem a diferença entre PIB e Pix. Ela vem de longe. Da Idade Média. Mas ganhou cara, forma e polegares opositores no século XVI com Jean Bodin, um francês que, muito antes do TikTok, já falava em poder “absoluto e perpétuo” de um Estado. Curiosamente, aqui em Portugal — país com vocação para a introspecção histórica — a soberania também ganha contornos simbólicos. No alto do edifício ...

JOGO DAS CADEIRAS: UMA REFLEXÃO SOBRE INDICAÇÕES POLÍTICAS NO STF E TRIBUNAIS DE CONTAS

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POR TIAGO HÉLCIAS No Brasil, sentar em uma cadeira do Supremo Tribunal Federal ou em um Tribunal de Contas não é apenas uma ascensão de carreira – é um ritual de consagração política. Mas quem indica? Quem aprova? E, mais importante: a quem esses senhores e senhoras devem fidelidade? Este não é um texto para lançar acusações contra A, B ou C. Seria fácil demais. A proposta aqui é mais incômoda: questionar o sistema. Expôr o arranjo, o teatro, o velho jogo do “você me deve essa”, que segue firme nas engrenagens do poder institucional brasileiro. O Jogo das Cadeiras e a Arte de Indicar No intrincado tabuleiro da política brasileira, poucas jogadas são tão estratégicas e reveladoras quanto as indicações para cargos de alto escalão. Seja no Supremo Tribunal Federal (STF), guardião da Constituição, ou nos Tribunais de Contas dos Estados (TCEs), que fiscalizam o erário público, a caneta do poder desenha destinos e molda a paisagem institucional. Em vez de questionar a idoneidade individual d...

O BRASIL VIVE EM UM LIMBO: QUEM ESTÁ MAIS “ALGEMADO” - BOLSONARO OU A “DEMOCRACIA”?

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POR TIAGO HÉLCIAS Após a operação da Polícia Federal e a instalação da tornozeleira eletrônica, Jair Bolsonaro se apresentou com o brilho dramático de um protagonista em crise. Tratou tudo como “suprema humilhação”, reclamou de “perseguição política” e garantiu: “não sou criminoso, não tem nada comprometedor aí; nunca pensei em sair do Brasil”. E, claro, garantiu que o pen drive achado no banheiro — sim, um pen drive — era desconhecido. “Tenho a menor ideia”, disse, sugerindo que poderia ter sido “plantado” pela PF e chegando a brincar que iria “questionar Michelle” a respeito . O montante apreendido? Cerca de US$ 14 mil e R$ 8 mil em espécie — que ele justificou como “sempre guardei dólar em casa”, de acordo com sua declaração aos jornalistas . As medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes estão claras: tornozeleira eletrônica, recolhimento noturno (19h às 7h), proibição de uso de redes sociais, afastamento de contato com embaixadas, diplomatas e outros inv...

A TORNOZELEIRA ELETRÔNICA E O CIRCO POLÍTICO: UM DIA NA VIDA DE BOLSONARO

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POR TIAGO HÉLCIAS Foto: VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES A semana terminou com a notícia que agitou os bastidores da política e as redes sociais: a Polícia Federal, em uma operação digna de roteiro de cinema, bateu à porta de Jair Bolsonaro. Documentos apreendidos, tornozeleira eletrônica instalada e um ex-presidente que se diz “humilhado”. Se você pensou que a política brasileira não podia ficar mais interessante, prepare-se, porque o espetáculo está apenas começando. O Que Aconteceu nos Bastidores da Operação? A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), veio com justificativas que parecem saídas de um thriller político. Moraes apontou indícios de coação no curso de processo legal, obstrução de investigação e, pasmem, atentado à soberania. Sim, a soberania! Aparentemente, as “negociações espúrias e criminosas” com autoridades dos Estados Unidos para pressionar o STF contra o julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado não caíram muito bem. E, para apim...

GOLPE É O QUE ELES DIZEM QUE É: NARRATIVAS SÃO ARMAS E VOCÊ É O ALVO

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Por Tiago Hélcias  DEPREDAR COM A ESTRELA NO PEITO É PROTESTO. FAZER O MESMO COM VERDE-AMARELO? PRISÃO E TRIBUNAL MILITAR. Brasil, país da criatividade infinita — inclusive para reinventar conceitos. Agora, a mais nova invenção institucional é o “golpe sem arma, sem tanque, sem tiro, sem comando”. Um golpe de slides de PowerPoint, reuniões no porão e prints de WhatsApp. E é com base nesse script que a PGR entregou ao STF um calhamaço de mais de 500 páginas, pedindo a condenação de Jair Bolsonaro e mais sete nomes de alto escalão por tentativa de golpe de Estado. Isso mesmo: golpe. Mas sem bala, sem farda nas ruas, sem uma única ordem real de ruptura. Só conversa fiada, vaidade, palpite golpista e meia dúzia de generais de pijama. Quer ver o documento? Tá aqui, ó: acesse você mesmo . Leitura boa pra quem curte ficção jurídica com pretensões épicas. Golpismo ou Censura Preventiva? Não se trata de defender depredação de patrimônio. O que foi feito no 8 de janeiro foi vandalismo puro, e p...

INDEPENDÊNCIA OU MARKETING: O NOVO DEVANEIO DE LULA VIROU PIADA DE PORTUGUÊS!!

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Por Tiago   “Independência ou morte!” – gritou Dom Pedro às margens do Ipiranga, segundo os livros de História. Pois bem, em pleno 2025, parece que o grito foi substituído por algo entre “Independência ou Marketing!”, “Independência ou Populismo!”… ou, vá lá, “Independência ou Lula mesmo!”. Sabe aquela sensação de vergonha alheia que faz até o café entalar? Pois foi assim que comecei meu dia aqui no norte de Portugal, onde moro desde 2022. Liguei a televisão, CNN Portugal rodando solta, e eis que surge a manchete: “Lula quer instituir o 2 de julho como a verdadeira data da independência do Brasil.” Silêncio no café. Um senhor de boina abaixa o jornal. A senhora ao lado suspende a colher do pastel de nata. E então, como numa piada mal escrita, o riso contido vira gargalhada coletiva. “Mas… o Brasil não já era independente?!” “Agora vão fazer duas independências? É pra dividir o desemprego?” Sim, meus amigos. Acordei com o Brasil virando meme — mais uma vez — no noticiário europeu. A...

CENSURA CAMUFLADA: O JOGO DE PODER POR TRÁS DA REGULAMENTAÇÃO DAS REDES NO BRASIL

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Por Tiago Hélcias Quem me acompanha já sabe: toda vez que a turma do Planalto saca a palavra “regulamentação”, vale acender o alerta vermelho. Vestida de “combate às fake news” e “proteção contra discursos de ódio”, a pauta ganhou maquiagem de escudo — mas o cheiro forte é de lâmina afiada, pronta para degolar a pluralidade de vozes. A pergunta que não cala: realmente precisamos de mais leis ou de menos patrulha ideológica? A liberdade de expressão só vale desde que aprovada pelo governo. No Brasil, o debate sobre a regulamentação das redes sociais ressurgiu com força, e não por acaso. Em um cenário de polarização política e desinformação, a pauta, que deveria ser um escudo contra abusos, parece se transformar em uma espada afiada nas mãos de quem busca controlar a narrativa. A pretexto de combater as "fake news" e os "discursos de ódio", o que se observa é um movimento orquestrado, com um modus operandi que ecoa em diversas partes do mundo, onde a esquerda, sedenta...

R$ 2 BI ROUBADOS E A ROTINA DA VERGONHA: POR QUE A CORRUPÇÃO NUNCA SAI DO PODER NO BRASIL?

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No Brasil, escândalo de corrupção virou tradição — quase uma instituição. A cada governo, o discurso é renovado: “agora vai”, “o Brasil mudou”, “chega de corrupção”. Mas o roteiro continua o mesmo. Atores diferentes, partidos diferentes, narrativas diferentes — só que os desvios seguem firmes, e o rastro de dinheiro público some como se fosse mágica. Só não é truque: é método. Agora, o capítulo da vez envolve o INSS, a Contag e o Congresso Nacional. Um escândalo que combina desvio bilionário, entidades de fachada e parlamentares agindo como estafetas de interesses privados. Tudo sob o silêncio ensurdecedor de um governo que, embora novo em número, carrega os velhos vícios de sempre. A Entidade Que Finge Defender, Mas Rouba: O Caso da Contag Dois bilhões de reais. Esse é o valor que teria sido desviado da aposentadoria de trabalhadores e aposentados através de descontos indevidos promovidos pela Contag — uma entidade historicamente ligada à esquerda, ao campo, ao discurso da justiça soc...

SÃO JOÃO ALÉM-MAR: UMA CRÔNICA JUNINA ENTRE BRASIL E PORTUGAL

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Por Tiago Hélcias “Junho tem cheiro. Tem barulho. Tem cor, tem gosto e tem memória.” Quem nasceu no Nordeste do Brasil sabe que quando esse mês chega, o coração bate diferente. A alma parece se aquecer como a fogueira no meio da rua. Em Sergipe, eu bem sei, o São João não é só festa: é identidade. É um tempo sagrado onde a fé, a cultura e a alegria se entrelaçam, iluminando vilarejos e cidades com bandeirolas, rojões e muita música. Mas o que poucos se dão conta é que esse São João tão nosso começou lá longe, do outro lado do Atlântico. Foi em Portugal, de onde partiram tradições que cruzaram oceanos e ganharam novo ritmo, nova cor, novo sotaque. Hoje, vivendo em Portugal, percebo mais nitidamente os fios que ligam essa festa que me formou, e os caminhos que ela percorreu para se reinventar entre o sertão e a Europa. Os três santos populares: fé que atravessa o tempo A espinha dorsal das festas de junho — tanto no Brasil quanto em Portugal — são os três santos católicos:  Santo Ant...

TANGO DA CONDENAÇÃO: A JUSTIÇA QUE DANÇA CONFORME O RÉU

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Por Tiago Hélcias Preparem-se, senhoras e senhores! O circo da política latino-americana voltou com mais uma de suas apresentações grotescamente geniais. No picadeiro da vez: a rainha do peronismo em queda livre e o show à parte da justiça que, no Brasil, mais parece um número de mágica mal ensaiado. Bem-vindos à tragicomédia da América Latina — onde os corruptos dançam tango e sambam na cara do povo. Caso Vialidad: Cristina, a Musa do Asfalto e da Impunidade Gourmet Argentina, terra do bom vinho, do Messi… e da impunidade temperada com sofisticação. Cristina Fernández de Kirchner, a diva decadente da política portenha, teve sua sentença de seis aninhos de prisão  em casa  confirmada pela Suprema Corte no dia 10 de junho de 2025. O motivo? Fraude administrativa com prejuízo ao Estado. O nome da série? “Caso Vialidad”. Podia muito bem estar na Netflix — categoria: drama político com final previsível. A trama é quase poética: uma ex-presidente favorece o amigão do peito (ou lara...