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NA PRATELEIRA DAS PESQUISAS, O CLIENTE SEMPRE TEM RAZÃO

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POR TIAGO HÉLCIAS Ao longo dos meus 30 anos de jornalismo, o que pouca gente sabe é que também atuei nos bastidores do marketing político — já trabalhei em campanhas de Norte a Sul do Brasil. E, por experiência própria, sei o quanto uma pesquisa pode pesar numa disputa. Tem pesquisa para todos os gostos e para todos os tipos: vai de acordo com o interesse do candidato A ou do candidato B. Existe até uma história famosa entre marqueteiros de que um cidadão foi contratado para fazer uma pesquisa sobre Jesus, e perguntou logo de cara: “Quer que apareça contra ou a favor?”. O que quero dizer é que pesquisa segue a conveniência de quem encomenda. E, por isso, é preciso estar atento às entrelinhas. Já vi pesquisa derrubar favorito e fabricar azarão da noite para o dia. Então, quando alguém me joga números na mesa, minha primeira reação não é bater palma — é levantar a sobrancelha. Aliás, esse tema não é a primeira vez que abordamos aqui no blog. E agora temos mais um exemplo fresco: a nova p...

VAZA TOGA 2: QUANDO A JUSTIÇA VIRA ROTEIRISTA E A LEI, MERA COADJUVANTE

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POR TIAGO HÉLCIAS Foi-se o tempo em que juiz era árbitro. Agora, pelo que mostram os vazamentos da vez, tem ministro do Supremo que virou roteirista, diretor e até ator principal de um espetáculo que parece mais distópico que jurídico. O episódio ganhou o nome de “Vaza Toga 2”, mas poderia se chamar “Justiça Paralela: o Retorno”, ou “Ministro & Cia. — O Gabinete da Verdade Única”. As revelações feitas pelo jornalista norte-americano Michael Shellenberger — e aprofundadas por David Ágape e Eli Vieira — expõem um grupo dentro do Judiciário supostamente dedicado a montar um verdadeiro gabinete de dossiês. Missão: vasculhar redes sociais de presos do 8 de janeiro antes de qualquer decisão sobre liberdade. O objetivo? Coletar “provas” que sustentassem as detenções. Tudo isso antes mesmo da tal audiência de custódia. Sim, é isso mesmo. O que era para ser um ato de revisão da prisão virou encenação — com direito a script prévio. E a frase que mais me chamou atenção, vazada de um grupo de ...

BRASILEIROS EM PORTUGAL: DE BEM-VINDOS A INDESEJADOS? A RECIPROCIDADE BATE À PORTA

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POR TIAGO HÉLCIAS A Promessa Europeia e a Realidade Burocrática Ah, Portugal! O sonho dourado de muitos brasileiros em busca de uma vida melhor, segurança e, quem sabe, um pastel de nata fresquinho a cada esquina. Mas, como em todo conto de fadas, a realidade pode ser um pouco mais... burocrática. E, ultimamente, bem mais complicada. O que era para ser um caminho pavimentado pela história e pela língua em comum, agora parece ter mais pedras no sapato do que um calçamento medieval. Recentemente, o governo português decidiu dar uma "repaginada" em suas leis de imigração e naturalização. E, para a surpresa de zero pessoas que acompanham a saga dos imigrantes, essa repaginada não veio para facilitar a vida de quem sonha em atravessar o Atlântico. Pelo contrário, a sensação é de que a porta, que já não era tão larga, está se fechando um pouco mais. E, claro, os brasileiros, que formam a maior comunidade estrangeira em terras lusitanas, são os que mais sentem o aperto. O Que Mudou ...

NOVA INDICAÇÃO AO STJ: LULA ESCOLHE TIA DE PREFEITO DE MACEIÓ ENVOLVIDA EM POLÊMICA DE CENSURA

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POR TIAGO HÉLCIAS No tabuleiro político-judiciário brasileiro, algumas peças são movidas com cuidado — ou pelo menos assim deveria ser. A indicação de Maria Marluce Caldas Bezerra para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) pelo presidente Lula segue um padrão já conhecido. Logo de início, chama atenção o fato de ser tia de João Henrique Caldas, o JHC, prefeito de Maceió. Lula e o jogo das indicações ao STJ As nomeações presidenciais para o STJ historicamente transitam entre o mérito técnico e o xadrez político. Ao longo de seus mandatos, Lula também fez escolhas que refletiram acordos partidários, interesses regionais e alianças estratégicas. Garantir cadeiras no STJ é, em muitos casos, garantir influência em um dos tribunais mais importantes do país — responsável por julgamentos que impactam diretamente política, economia e grandes interesses nacionais. A indicação de Maria Marluce, portanto, não surge de forma isolada. Ela se insere em um contexto recorrente, em que fatores como paren...

TRÊS HOMENS E UM ESCÂNDALO: RICARDO, EDVALDO, LAÉRCIO E SUPOSTO DESVIO DE R$ 24 MILHÕES EM ARACAJU

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POR TIAGO HÉLCIAS De novo, Senador? Na próxima já pode pedir música no fantástico. Na política sergipana, há personagens que não precisam nem trocar de figurino para aparecer no próximo episódio. O senador Laércio Oliveira (PP) é um deles. Mais uma vez, seu nome e suas empresas voltam à ribalta — e, na próxima, já pode pedir música no Fantástico. Aqui no blog, a primeira denúncia já foi esmiuçada — aquela que mostrou como empresas ligadas ao senador apareceram no destino de emendas federais SAIBA TUDO AQUI . Agora, o roteiro se repete, mas com um tempero municipal: a acusação parte diretamente do presidente da Câmara de Aracaju, Ricardo Vasconcelos (PSD), e envolve também o ex-prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) — apelidado por alguns opositores, com ironia, de “o prefeito perfeito”. A nova denúncia — e o dinheiro que mudou de endereço Na sessão do dia 6 de agosto de 2025, Vasconcelos foi à tribuna e, abrindo aspas, disparou: “O dinheiro das emendas parlamentares é algo sagrado, não se pod...

TJ ALAGOAS NA MIRA DO CNJ: QUANDO A JUSTIÇA VIRA NEGÓCIO DE FAMÍLIA

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POR TIAGO HÉLCIAS Imagine entrar no Tribunal de Justiça de Alagoas num dia comum. Você olha para um lado: um assessor. Para o outro: uma chefe de gabinete. Lá no fundo, um consultor jurídico. E, se perguntar com jeitinho, pode descobrir que todos eles têm um sobrenome em comum com alguém do alto escalão. Coincidência? Talvez. Mas o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) achou a situação um pouco suspeita demais para ser só acaso. No mais recente relatório de inspeção feito pelo CNJ no TJ de Alagoas, foram identificados nada menos que 79 indícios de nepotismo. Isso mesmo: setenta e nove. Não estamos falando de um ou outro caso isolado. Estamos falando de uma estrutura onde quase dá para montar uma árvore genealógica completa sem sair do gabinete. O documento, que é oficial e público, fala em vínculos entre magistrados e servidores comissionados, contratos com empresas terceirizadas que empregam parentes e outras relações, digamos, próximas. Tão próximas que, em certos setores do tribunal, ...

SOMBRA DO PODER: QUEM REALMENTE MOVE AS PEÇAS EM ARACAJU?

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POR TIAGO HÉLCIAS Nos últimos meses — e com intensidade nas últimas semanas — a Prefeitura de Aracaju transformou-se no palco de uma tragicomédia política digna de streaming. No roteiro, uma protagonista visível, a prefeita Emília Corrêa, e um coprotagonista nas sombras, o empresário Edivan Amorim, cuja presença é sentida em cada linha do script administrativo da capital sergipana. Segundo setores da imprensa local, as falhas — cada vez menos sutis — da gestão Emília têm sido, com certa condescendência, atribuídas à influência direta de Edivan. E não estamos falando de influência branda, protocolar. Falam, com todas as letras, que ele “indicou e manipula” nomes cruciais da engrenagem pública: Finanças, Saúde, Educação, Infraestrutura, Procuradoria-Geral do Município, EMURB e EMSURB. Ou seja, onde há orçamento gordo, há dedo do “capô”. Essa concentração de poder informal não é exatamente uma novidade. Amorim é velho conhecido dos bastidores sergipanos, e sua trajetória é recheada de cap...