SERGIPE: APOSTA OU ARRISCADA LEALDADE? GOVERNADOR AMARRA O JOGO DE VEZ A ANDRÉ MOURA COMO PRÉ CANDIDATO AO SENADO

POR TIAGO HÉLCIAS

Se alguém ainda tinha dúvida sobre quem o governador Fábio Mitidieri vai empurrar para a disputa do Senado em 2026, não tem mais. ontem, 03/09, ele abriu o jogo novamente em uma entrevista a 103 FM: André Moura é seu pré-candidato. Disse que é por gratidão, reconhecimento e pela força política que o ex-deputado construiu em Brasília e hoje no Rio de Janeiro.

Até aí, nada demais. Político agradecendo a político é quase tão previsível quanto promessa em época de campanha. O que chama atenção é o tom: Mitidieri não só citou André, como colocou o selo de “um dos homens públicos mais relevantes do Brasil”. Forte, não? Parece até exagero calculado.

É óbvio que a decisão final é do eleitor, e o governador fez questão de repetir isso. Mas vamos combinar: quando um chefe do Executivo antecipa esse tipo de apoio com tanta convicção, está mandando um recado direto ao tabuleiro político — “meu time está escalado”. Resta saber se o eleitor vai assinar embaixo ou se vai querer trocar a peça na urna.

Mitidieri pode até vestir o discurso da gratidão, mas no fim das contas isso é estratégia. Política não se faz só de afeto, se faz de cálculo. E, ao que tudo indica, o cálculo do governador atende pelo nome de André Moura.

A consequência imediata desse movimento é clara: Mitidieri amarra publicamente sua imagem à de André Moura. Isso pode soar como demonstração de firmeza, mas também abre flancos dentro do próprio grupo. Será que todos os aliados do governador já engoliram esse nome? Ou há correligionários que, em silêncio, torcem o nariz para a escolha? Política é terreno movediço, e antecipar demais um apoio pode significar entregar munição para os adversários e até criar desconforto entre aliados que ainda sonhavam com a vaga.

O aval do “conglomerado político” que sustenta Mitidieri será posto à prova. O governador sabe que, em Sergipe, alianças são frágeis e interesses mudam de lado de uma eleição para outra com a velocidade de um estalar de dedos.

Ao bancar André tão cedo, ele assume o risco de ter que administrar crises internas antes mesmo de o jogo começar. Pode dar certo, claro — mas também pode gerar fissuras num grupo que, até agora, parecia relativamente alinhado.

Veremos!!

Tiago Hélcias é jornalista com quase três décadas de vivência no front da notícia — do calor das ruas aos bastidores da política. Atua como apresentador, redator e produtor de conteúdo em rádio, TV e plataformas digitais. É pós-graduado em Marketing Político, especialista em Comunicação Assertiva e mestrando em Comunicação Digital em Portugal.

Aqui no blog, escreve com liberdade, opinião e um compromisso claro: provocar o leitor a pensar fora da caixa.

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