REPORTAGEM UOL: EMPRESA DE SENADOR DE SERGIPE RECEBE EMENDAS DA PRÓPRIA BANCADA NO VALOR DE R$ 656 MIL

POR TIAGO HÉLCIAS

Em reportagem exclusiva, o UOL aponta que uma empresa ligada ao senador Laércio Oliveira recebeu recursos de emendas parlamentares. O caso levanta suspeitas e silêncio institucional.

Enquanto você contava moedas pra comprar um pacote de café e fazia malabarismo com o Pix pra pagar a conta de luz, teve gente em Brasília que recebeu R$ 656 mil – e não foi de herança, não. Foi via emenda parlamentar. Agora segura: segundo uma apuração criteriosa do portal UOL, o dinheiro foi parar justamente numa empresa de um senador da República. E não qualquer senador. Um sergipano. Conhecidíssimo. Com longa estrada e farta biografia política.

Mas calma. Vamos por partes. Como diria Jack — o estripador e os analistas jurídicos prudentes.

O DINHEIRO QUE VEIO DA PRÓPRIA BANCADA

De acordo com a reportagem do UOL (sempre ela, a fonte), a empresa Franca Vigilância, de segurança privada, recebeu recursos públicos em 2022 e 2024. E adivinha quem é sócio da empresa desde 2016? Ele mesmo: senador Laércio Oliveira (PP-SE).

Mais curioso ainda é de onde vieram os recursos: emendas de bancada, ou seja, aquelas indicações coletivas feitas pelos parlamentares do mesmo estado — neste caso, a bancada de Sergipe, que conta, veja só, com o próprio senador como integrante.

É como se o grupo inteiro escolhesse pra onde vai o dinheiro… e o destino final fosse o quintal de casa.

EMENDAS: O NOME É BONITO, O MECANISMO… NEM TANTO

Vamos didatizar a coisa: emendas parlamentares são dispositivos legítimos. Deputados e senadores podem destinar parte do orçamento da União para suas bases eleitorais. A ideia? Atender demandas locais. Na prática? Muitas vezes vira um jogo de compadres, onde o “atender demandas” se confunde com “atender aliados”.

No caso citado pelo UOL, as emendas seriam destinadas a projetos de desenvolvimento sustentável — aquisição de máquinas, obras de infraestrutura, nada a ver com serviços de vigilância. E quem confirmou isso foi o líder da bancada de Sergipe, senador Alessandro Vieira (MDB). Ele declarou que a indicação não prevê esse tipo de serviço e que o recurso seria aplicado de forma direta pelo Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas).

Dnocs, aliás, que será personagem importante nessa novela…

O CONTRATO EXISTE? EXISTE. É LÍCITO? DEPENDE DA LEI. E DA LUPA.

Segundo o jurista Fernando Neisser, ouvido pelo UOL, existe uma brecha legal: parlamentares podem, sim, ter contratos com órgãos públicos — desde que seja por meio de cláusulas uniformes (condições iguais a todos). Isso não significa que está tudo bem. Significa que precisa ser investigado com lupa, pra entender se houve favorecimento ou não. Ou seja, é legal, mas é IMORAL.

Em nota enviada à reportagem, o senador Laércio Oliveira repetiu o mantra clássico da política nacional:

“Compromisso com a legalidade, a transparência e a ética”.

A frase que serve pra tudo, inclusive pra nada. Porque, veja: ele não menciona em momento algum o possível conflito de interesses. Nem uma palavrinha.

UMA EMPRESA QUE JÁ BEBEU DA FONTE… EM SILÊNCIO

Essa não é a estreia da Franca Vigilância no rolê das emendas. Segundo o UOL, em 2020 e 2021, a empresa já havia recebido R$ 111 mil via emendas do relator — mais conhecidas como “orçamento secreto”.

Aí o buraco é mais embaixo: nessa modalidade, nem dá pra saber qual parlamentar indicou a verba, nem como foi o trâmite da destinação. Transparência? Só se for na fachada da empresa.

E falando em opacidade…

DNOCS: SUMIU O CONTRATO

O UOL tenta, desde 7 de julho, obter do Dnocs o contrato relacionado à Franca Vigilância. Primeiro, nada. Depois, uma resposta formal autorizando o acesso. E no fim? Contrato que é bom, nada.

A sensação é aquela clássica de tentar pegar senha no posto de saúde: você espera, volta, insiste… e sai de mãos abanando.

O PATRIMÔNIO QUE CRESCE COM FERTILIZANTE PÚBLICO?

Segundo o UOL, o patrimônio declarado de Laércio Oliveira quadruplicou entre 2018 e 2022: de R$ 1,1 milhão para R$ 4,5 milhões. Nada ilegal nisso, claro. Muita gente enriquece legalmente. Mas quando esse crescimento patrimonial vem junto com contratos públicos, empresas próprias e silêncio institucional… é natural que a opinião pública (e os jornalistas atentos) levantem a sobrancelha.

UMA PERGUNTA SIMPLES: E O CONTRIBUINTE?

Aqui vai o ponto que, pra mim, encerra a questão: o dinheiro que paga esses contratos, que viabiliza essas emendas, que sustenta esse modelo — é meu, seu, nosso. É dinheiro público. É dinheiro suado. É dinheiro que deveria ser sagrado.

E quando a empresa do senador recebe verba da própria bancada, por mais “legal” que possa parecer… algo fede.

NÃO ACUSO, MAS QUESTIONO. E ESPERO RESPOSTAS.

Não estou aqui pra dizer se houve crime. Isso cabe ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas, à Justiça.

Mas estou, sim, pra questionar. E cobrar. Porque o mínimo que se espera de um homem público — e de quem tem o privilégio de representar um estado inteiro — é transparência total. Não me venha com nota genérica. Apresente os contratos. Explique os critérios. Convença com fatos.

Enquanto isso, seguimos atentos. Porque o real escândalo é naturalizar esse tipo de prática como se fosse só mais um dia útil no calendário da política brasileira.

Confira reportagem completa AQUI!!

Tiago Hélcias é jornalista com quase três décadas de vivência no front da notícia — do calor das ruas aos bastidores da política. Atua como apresentador, redator e produtor de conteúdo em rádio, TV e plataformas digitais. É pós-graduado em Marketing Político, especialista em Comunicação Assertiva e mestrando em Comunicação Digital em Portugal.

Aqui no blog, escreve com liberdade, opinião e um compromisso claro: provocar o leitor a pensar fora da caixa.

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