PESQUISA DATAFORM ESCANCARA O JOGO: SERGIPE EM MODO “CHECK-MATE” ANTECIPADO

POR TIAGO HÉLCIAS


A mais recente pesquisa do instituto Dataform caiu no colo da política sergipana como caem certas verdades incômodas: fazendo barulho, irritando uns, animando outros e servindo de munição para todos. Os números, divulgados primeiro pelo portal HT Notícias, escancararam o óbvio ululante: o jogo está apenas começando, mas os times já estão em campo — e alguns jogadores, como sempre, entraram de salto alto.

Senado: André Moura na frente, Amorim no vácuo e Alessandro no paredão

Para o Senado Federal, onde serão eleitos dois nomes, a pesquisa Dataform/ECM aponta uma liderança clara do ex-deputado André Moura (União) no primeiro voto, com 13,33% das intenções. Não é de se estranhar, afinal, ele já tem o apoio declarado do governador Fábio Mitidieri. É a velha máxima: quem tem padrinho forte, não morre pagão, ou, neste caso, não fica sem voto. A política, como sempre, é um jogo dealianças e apoios, e André Moura parece estar jogando com as cartas certas na manga.

No retrovisor aparece Eduardo Amorim (PSDB), que tenta voltar ao jogo com a ajuda da prefeita Emília Corrêa. Ele até lidera no segundo voto, o que é mais ou menos como ganhar um prêmio de consolação no bingo da igreja. Já o senador Alessandro Vieira (MDB), que um dia se vestiu de “xerife” da moralidade, agora amarga a maior rejeição. Parece que o discurso ético, quando não vem com obra, vira apenas eco. E eco, meu amigo, não elege ninguém.

Câmara Federal: o sobrenome que pesa (e pesa bem)

Na disputa pela Câmara, quem brilha é Yandra Moura. A deputada do União aparece no topo da pesquisa espontânea — o que significa que o povo lembra dela sem precisar de empurrão. Em tempos de memória política seletiva, isso vale ouro. A jovem parlamentar tem carregado o sobrenome com destreza e, convenhamos, sem tropeçar nas próprias ambições. Pelo visto, os Moura estão se especializando em plantar raízes em Brasília.

Fábio Reis (PSD) também aparece bem. É o velho efeito do “já estou na cadeira e, enquanto não me tirarem, sigo assinando ofícios e mandando emendas”. Já os demais nomes – Cristiano Cavalcante, Ícaro de Valmir, Nitinho e companhia – surgem com percentuais que variam entre a esperança e o desespero. Ninguém está morto, claro, mas também não dá pra bancar o vitorioso com 1% nas costas.

Governo: Mitidieri surfa, Valmir boia e a oposição patina

E no grande ringue pelo governo do Estado, Mitidieri lidera com tranquilidade. Está com a maré a favor – ou seria com o vento da máquina pública nas velas? De todo modo, surfa em águas calmas, sem adversários à altura no momento.

Valmir de Francisquinho, por sua vez, se mantém como o principal desafiante, mostrando que a polarização política em Sergipe segue o roteiro nacional. É a velha história do “nós contra eles”, onde o eleitor se vê obrigado a escolher entre duas forças dominantes, muitas vezes sem se identificar plenamente com nenhuma delas.

Mas, como diz o ditado, em política, o que importa é o que está na urna, e até lá, muita água vai rolar.

No cenário alternativo, Mitidieri dá um passeio sobre Thiago de Joaldo. Convenhamos: enquanto um governa e entrega, o outro ainda está tentando aparecer no radar do eleitorado. Emanuel Cacho também aparece, mas com números discretos. Aquela figura que você sabe que está na festa, mas ninguém lembra o nome.

E o Sergipano nisso tudo?

Para o eleitor sergipano, a pesquisa serve de termômetro — mas também de alerta. Afinal, o que se desenha não é exatamente uma revolução política. Vemos os mesmos sobrenomes, os mesmos rostos e, em muitos casos, os mesmos discursos. O brasileiro que vive em Sergipe, ou que pensa em voltar ao estado, olha esse tabuleiro e pergunta: “É só isso mesmo?”

A urna continua sendo o ringue onde poucos lutam e muitos assistem. E, no fim, quem bate mais forte não é o que tem melhor proposta — mas o que tem melhor estrutura, mais apoio e menos vergonha de fazer política velha com roupa nova.

Quem com pesquisa fere…

A pesquisa Dataform trouxe à tona um cenário cheio de déjà-vus. André Moura em cima, Mitidieri liderando, Amorim tentando voltar, Alessandro rejeitado, e a dança das cadeiras sendo coreografada com a mesma música de sempre. Quem acredita que pesquisa e realidade são a mesma coisa pode se frustrar. Mas quem ignora os sinais, perde a chance de virar o jogo.

Por enquanto, tudo segue como o script exige: os favoritos se fazem de humildes, os rejeitados gritam que a pesquisa está errada e os azarões posam de “grande surpresa” no próximo capítulo. A política sergipana é uma novela que, se não emociona, pelo menos nos diverte. E, nesse enredo, o eleitor é mais figurante do que protagonista.

Será que dá pra mudar esse roteiro?

Tiago Hélcias é jornalista com quase três décadas de vivência no front da notícia — do calor das ruas aos bastidores da política. Atua como apresentador, redator e produtor de conteúdo em rádio, TV e plataformas digitais. É pós-graduado em Marketing Político, especialista em Comunicação Assertiva e mestrando em Comunicação Digital em Portugal.

Aqui no blog, escreve com liberdade, opinião e um compromisso claro: provocar o leitor a pensar fora da caixa.

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