GOLPE É O QUE ELES DIZEM QUE É: NARRATIVAS SÃO ARMAS E VOCÊ É O ALVO
Por Tiago Hélcias
DEPREDAR COM A ESTRELA NO PEITO É PROTESTO. FAZER O MESMO COM VERDE-AMARELO? PRISÃO E TRIBUNAL MILITAR.
Brasil, país da criatividade infinita — inclusive para reinventar conceitos. Agora, a mais nova invenção institucional é o “golpe sem arma, sem tanque, sem tiro, sem comando”. Um golpe de slides de PowerPoint, reuniões no porão e prints de WhatsApp. E é com base nesse script que a PGR entregou ao STF um calhamaço de mais de 500 páginas, pedindo a condenação de Jair Bolsonaro e mais sete nomes de alto escalão por tentativa de golpe de Estado. Isso mesmo: golpe. Mas sem bala, sem farda nas ruas, sem uma única ordem real de ruptura. Só conversa fiada, vaidade, palpite golpista e meia dúzia de generais de pijama.
Quer ver o documento? Tá aqui, ó: acesse você mesmo. Leitura boa pra quem curte ficção jurídica com pretensões épicas.
Golpismo ou Censura Preventiva?
Não se trata de defender depredação de patrimônio. O que foi feito no 8 de janeiro foi vandalismo puro, e ponto. Isso precisa ser punido. Agora, chamar de “tentativa de golpe” um movimento que não teve liderança concreta, nem articulação militar sólida, muito menos um único batalhão marchando nas ruas? Isso não é exagero. Isso é estratégia. Estratégia de aniquilação política e jurídica de um adversário incômodo — e seus aliados.
Bolsonaro é acusado de articular uma organização criminosa para derrubar a democracia. Mas vamos lá: quem de fato tentou tomar o poder à força? Onde estavam os fuzis, os tanques, os generais em formação? Isso foi golpe ou foi fanfarrice institucional usada como escada para criminalizar a direita?
Porque, sejamos francos: se esse é o novo padrão de golpe, então tem muita gente na história do Brasil que vai precisar ser reavaliada com urgência — inclusive os que hoje se dizem paladinos da democracia e vivem romanticamente exaltando quem já rasgou Constituição no passado. Memória seletiva é uma desgraça.
Os Réus, os Papéis e a Peça Mal Encenada
Estão no banco dos réus: Bolsonaro, Ramagem, Heleno, Cid, Braga Netto, Paulo Sérgio, Garnier e Anderson Torres. Um verdadeiro “Dream Team” da direita que virou pesadelo para o sistema. Mas veja: nenhum deles mandou tropa à rua. Nenhum declarou estado de sítio. Nenhum interrompeu sessões do Congresso. Houve tentativa? Ou houve discurso inflamado, bravata típica de quem vive em bolha ideológica e acha que pode tudo?
Golpismo retórico existe. É feio, é perigoso, mas é muito diferente de golpe armado. E é justamente essa confusão — proposital, aliás — que tem sido usada para transformar opinião em crime, reunião em conspiração, e discordância em atentado ao regime democrático.
O que está em Julgamento: Crimes ou candidaturas?
Com Mauro Cid abrindo o jogo — ou o que restou dele —, e os outros sete tentando se explicar nas entrelinhas, o processo segue para o STF, onde a Primeira Turma decidirá os rumos dessa novela. Mas a pergunta verdadeira é: estamos julgando fatos ou estamos enterrando a chance de retorno político da direita ao poder?
É esse o ponto. A cassação da força eleitoral de Bolsonaro e sua turma é o verdadeiro objetivo. As narrativas estão todas montadas, e o Judiciário parece disposto a cumprir o papel de guilhotina institucional — não contra o crime, mas contra o que ele representa no espectro político. É o tal “golpe” que se combate com a toga… mas que talvez esteja mesmo é sendo fabricado por ela
E o Congresso também já foi “ocupado”… E aí?
Antes de pensarmos que esse uso enorme da palavra “golpe” é invenção recente, vale lembrar: em 6 de junho de 2006, cerca de 500 manifestantes do MLST — e com respaldo de CUT, MST e outros — invadiram o Congresso Nacional. Munidos de paus, pedras, quebraram portas de vidro, derrubaram equipamentos públicos, depredaram o Salão Verde e deixaram 24 pessoas feridas, inclusive gravemente
O que foi isso, Papito? Golpe? Não. “Grande equívoco” foi a definição usada pelos próprios movimentos. Houve violência, depredação, caos — mas nenhum tanque nas ruas, nenhum fuzil, nenhum plano de tomada de poder. Resultado? Prisões pontuais — dos mais violentos —, poucas consequências legais e… esquecimento rápido.
Ou seja: quando é a esquerda, depredação é tratada como crime isolado. Quando é a direita, até “folclore institucional” vira golpe e ameaça ao regime. Relembre isso quando ouvir de novo: “Tentativa de golpe!”
Nada como o arquivo implacável da Internet para refrescar a memória dos esquecidos de plantão
Esses registros são poderosos para reforçar a ideia: aquele foi vandalismo grave, com feridos e depredação – mas nunca foi narrado como “golpe”. Já o episódio de janeiro sofreu outro tratamento midiático e institucional.
E a Democracia? Fica para a Próxima Temporada
A democracia brasileira é jovem, frágil e marcada por crises. Mas ela não será fortalecida por sentenças que misturam direito com ideologia, nem por decisões que agradam colunas militantes mas silenciam vozes dissonantes. Democracia de verdade tolera o contraditório — inclusive o estúpido, o tosco, o extremista. Porque senão, daqui a pouco, qualquer crítica vira ameaça. Qualquer desaforo vira subversão. E aí, meu amigo, a toga vira farda… e a liberdade vira concessão.
E quem se cala agora, achando que está tudo bem porque “é contra o Bolsonaro mesmo”, que não reclame quando for a sua vez de ser o próximo na fila da criminalização seletiva. Porque, no Brasil, o vento da Justiça muda de direção conforme o termômetro do poder.
No fim das contas…
Se isso é golpe, estamos diante de um novo tipo de guerra: sem armas, sem soldados, mas com narrativas armadas até os dentes. E se é assim que se combate o autoritarismo, é bom avisar: a democracia morreu de overdose… de “defensores” demais.
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