A TORNOZELEIRA ELETRÔNICA E O CIRCO POLÍTICO: UM DIA NA VIDA DE BOLSONARO

POR TIAGO HÉLCIAS

Foto: VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES

A semana terminou com a notícia que agitou os bastidores da política e as redes sociais: a Polícia Federal, em uma operação digna de roteiro de cinema, bateu à porta de Jair Bolsonaro. Documentos apreendidos, tornozeleira eletrônica instalada e um ex-presidente que se diz “humilhado”. Se você pensou que a política brasileira não podia ficar mais interessante, prepare-se, porque o espetáculo está apenas começando.

O Que Aconteceu nos Bastidores da Operação?

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), veio com justificativas que parecem saídas de um thriller político. Moraes apontou indícios de coação no curso de processo legal, obstrução de investigação e, pasmem, atentado à soberania. Sim, a soberania!

Aparentemente, as “negociações espúrias e criminosas” com autoridades dos Estados Unidos para pressionar o STF contra o julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado não caíram muito bem. E, para apimentar a trama, ainda há a suspeita de que Bolsonaro estaria financiando a obstrução de justiça, enviando dinheiro para o filho Eduardo nos EUA, que, por sua vez, estaria em conluio com a Casa Branca para impor sanções ao Brasil.

É muita conspiração para uma semana só!

As medidas cautelares impostas são um show à parte: tornozeleira eletrônica (para garantir que o ex-presidente não saia para um passeio na Disney), veto ao uso de redes sociais (adeus, lives semanais!), recolhimento domiciliar noturno e aos finais de semana, proibição de comunicação com outros investigados (o que, convenientemente, inclui os próprios filhos) e, para completar, o passaporte retido desde fevereiro.

E o que foi apreendido?

Além de documentos, um pen drive encontrado no banheiro (seria um esconderijo estratégico ou apenas um descuido?), aproximadamente 8 mil dólares em espécie, uma cópia da petição inicial da ação da plataforma Rumble contra Moraes (para quem gosta de um bom drama jurídico) e, claro, o celular. A PF agora terá acesso a dados em nuvem, e-mails e computadores. Preparem a pipoca, porque os próximos capítulos prometem ser ainda mais reveladores ou conspiradores.

O Congresso Nacional: Entre a Perseguição e a Celebração

No Congresso, a notícia caiu como uma bomba, dividindo opiniões e acirrando os ânimos. De um lado, o bloco de direita, fiel escudeiro de Bolsonaro, bradou contra o que chamou de “perseguição sem fim” e “injustiça total”. Flávio Bolsonaro, o filho senador, não ficou para trás, declarando que “o ódio tomou conta” do ministro do STF e que as medidas são “desnecessárias e covardes”. Parece que a família Bolsonaro está unida na indignação, o que é compreensível, afinal, quem gosta de usar tornozeleira eletrônica?

Do outro lado, o bloco de esquerda celebrou a operação como uma vitória da justiça. Guilherme Boulos (PSOL-SP) foi direto ao ponto: “Grande Dia! Os golpistas vão ser punidos.” É a velha polarização brasileira em seu auge, com cada lado puxando a sardinha para sua brasa, ou melhor, para sua tornozeleira.

A Repercussão Internacional: De Portugal à Casa Branca

A operação não ficou restrita às fronteiras brasileiras. A imprensa europeia e, em especial, a portuguesa, repercutiu amplamente o caso, destacando o inusitado uso da tornozeleira eletrônica por um ex-presidente. Parece que o Brasil está exportando não apenas commodities, mas também dramas políticos de alta voltagem.

Mas o ponto alto da repercussão internacional, sem dúvida, veio da Casa Branca. Sob a batuta de Donald Trump, a situação está sendo acompanhada de perto. Afinal, a decisão de Moraes veio um dia após Trump anunciar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, usando como argumento o processo contra Bolsonaro no STF.

É um jogo de xadrez geopolítico onde cada movimento tem consequências globais. A suspeita de que Bolsonaro estaria financiando a obstrução de justiça ao enviar dinheiro para Eduardo nos EUA, que estaria trabalhando com a Casa Branca para impor sanções a autoridades brasileiras, adiciona uma camada de complexidade e intriga.

Trump, por sua vez, tem pressionado o Brasil para encerrar o processo, chamando Bolsonaro de vítima de uma “caça às bruxas”. Parece que a diplomacia está mais para um ringue de luta livre do que para um salão de chá.

O Futuro da Crônica Política

Com a tornozeleira eletrônica, Bolsonaro se torna um personagem ainda mais peculiar na já rica galeria de figuras políticas brasileiras. O que virá a seguir? Mais revelações? Mais dramas? Mais memes? Uma coisa é certa: a crônica política brasileira continua sendo um prato cheio para quem gosta de bom humor, sarcasmo e, claro, uma boa dose de questionamento. Afinal, em um país onde a ficção supera a realidade, o meu papel, enquanto comunicador profissional, é apenas narrar o inacreditável. E, convenhamos, o inacreditável está em alta.

Tiago Hélcias é jornalista com quase três décadas de vivência no front da notícia — do calor das ruas aos bastidores da política. Atua como apresentador, redator e produtor de conteúdo em rádio, TV e plataformas digitais. É pós-graduado em Marketing Político, especialista em Comunicação Assertiva e mestrando em Comunicação Digital em Portugal.

Aqui no blog, escreve com liberdade, opinião e um compromisso claro: provocar o leitor a pensar fora da caixa.

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