R$ 2 BI ROUBADOS E A ROTINA DA VERGONHA: POR QUE A CORRUPÇÃO NUNCA SAI DO PODER NO BRASIL?


No Brasil, escândalo de corrupção virou tradição — quase uma instituição. A cada governo, o discurso é renovado: “agora vai”, “o Brasil mudou”, “chega de corrupção”.

Mas o roteiro continua o mesmo. Atores diferentes, partidos diferentes, narrativas diferentes — só que os desvios seguem firmes, e o rastro de dinheiro público some como se fosse mágica. Só não é truque: é método.

Agora, o capítulo da vez envolve o INSS, a Contag e o Congresso Nacional. Um escândalo que combina desvio bilionário, entidades de fachada e parlamentares agindo como estafetas de interesses privados. Tudo sob o silêncio ensurdecedor de um governo que, embora novo em número, carrega os velhos vícios de sempre.

A Entidade Que Finge Defender, Mas Rouba: O Caso da Contag

Dois bilhões de reais. Esse é o valor que teria sido desviado da aposentadoria de trabalhadores e aposentados através de descontos indevidos promovidos pela Contag — uma entidade historicamente ligada à esquerda, ao campo, ao discurso da justiça social. Ironia? Não. Cinismo mesmo.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, segundo a Polícia Federal, teria operado um esquema de arrecadação fraudulenta à custa de quem deveria proteger. Um esquema grande, estruturado, ousado — e que passou batido por anos. Ou será que passou com a anuência de quem deveria fiscalizar?

O que salta aos olhos não é apenas o roubo em si, mas a conivência institucional. Ninguém viu? Ninguém desconfiou? E o governo federal, que tem sob seu guarda-chuva a máquina da Previdência, não percebeu R$ 2 bilhões evaporando?

Congresso: Da Cúpula da República ao Subsolo Ético

Como se não bastasse o escândalo no desvio, o Congresso resolveu turbinar a tragédia. Deputados e senadores de esquerda apresentaram emendas para suavizar uma Medida Provisória que visava justamente combater fraudes no INSS.

Até aí, já seria questionável. Mas eis o detalhe: essas emendas foram redigidas dentro da própria Contag. Isso mesmo. A entidade investigada por fraudar aposentados ajudou a escrever as regras que deveriam coibir… ela mesma.

Se essa não é a definição perfeita de promiscuidade institucional, então não sabemos o que é.

O que se vê é uma engrenagem perfeita entre quem rouba e quem deveria punir. Quando a fronteira entre o Estado e os interesses privados é apagada, resta apenas o vazio da impunidade.

Uma História Que Nunca Muda: O Brasil da Corrupção Serial

Quantos escândalos mais o Brasil precisa para aprender?

  1. Anões do Orçamento, nos anos 90.
  2. PC Farias e o impeachment de Collor.
  3. Mensalão, com Lula e o núcleo duro do PT.
  4. Petrolão, o maior esquema de corrupção já registrado em estatais, com ramificações em vários partidos.
  5. Orçamento secreto, com bilhões distribuídos sem critério republicano no Congresso.
  6. Propinoduto tucano, escondido sob o manto da elite…

E agora, INSS & Contag, capítulo novo com atores antigos.

A verdade é que a corrupção no Brasil não é exceção — é método de governo, modelo de negócio, estratégia de poder. E a impunidade não é uma falha do sistema. É o sistema.

Por que temos essa sina?

A pergunta precisa ser feita com coragem: por que o Brasil não rompe esse ciclo?

Porque há uma cultura política construída sobre alianças espúrias, aparelhamento institucional e blindagem mútua. Porque quem julga, muitas vezes, deve. Porque quem investiga, às vezes, participa. E porque quem vota… também esquece rápido.

Falta educação política? Falta memória coletiva? Falta indignação contínua? Sim!

Mas falta, acima de tudo, um compromisso real com o interesse público. Os eleitos se protegem, os partidos se perpetuam, os esquemas se renovam — e o povo, esse, continua pagando a conta com sua aposentadoria, seus impostos e sua dignidade.

Enquanto o sistema premiar os espertos e punir os ingênuos, não haverá ruptura — apenas reciclagem do cinismo.

Tiago Hélcias é jornalista com quase três décadas de vivência no front da notícia — do calor das ruas aos bastidores da política. Atua como apresentador, redator e produtor de conteúdo em rádio, TV e plataformas digitais. É pós-graduado em Marketing Político, especialista em Comunicação Assertiva e mestrando em Comunicação Digital em Portugal.

Aqui no blog, escreve com liberdade, opinião e um compromisso claro: provocar o leitor a pensar fora da caixa.

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