O CÁLCULO DA CORRUPÇÃO

Para muitos a corrupção é um fenômeno facilmente explicável: seria resultado da falta de caráter, da cara-de-pau, da ausência completa de vergonha na cara tanto de corruptos como de corruptores. Seria uma questão moral. Mas o economista americano Robert Klitgaard, que estuda o fenômeno há décadas e é considerado um papa do assunto, deu-se ao trabalho de criar uma fórmula para explicar a tal da corrupção: C = M + D - A.
O cálculo tem uma explicação bem lógica: corrupção seria o resultado de "monopólio" (M), mais "critério próprio" (D, do inglês "discretion"), menos "responsabilização pública" (talvez a melhor forma de traduzir "accountability", o A da fórmula). Ou seja, para Klitgaard, o clima que permite o avanço da corrupção é marcado por monopólio em alguma atividade, decisões tomadas com critérios próprios e resultados que não são alvo de responsabilização pública, não há cobrança sobre o que foi feito.
Desde que eu me conheço por gente o Brasil se depara, regularmente, com casos (ou suspeitas) de corrupção que parecem superar os recordes anteriores, em termos de número de pessoas envolvidas, montantes desviados e complexidade dos esquemas montados.
o interessante no exercício do economista é ele tentar buscar uma explicação lógica para o fenômeno que tantos milhões tira dos cofres públicos de nações pelo mundo afora, especialmente na América Latina, África e Ásia. Isso porque, se o Brasil quiser mesmo combater esse mal, precisa entender por que ele nasce, cresce e se reproduz como coelho.
É como a chamada Lei Seca: a lei, com aplicação severa, por si só pode trazer resultados positivos inicialmente, mas é preciso entender por que os brasileiros sempre foram tão complacentes com a condenável prática de dirigir depois de beber.
com informações da BBC Brasil
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